Em casa de Júlio Dinis Júlio Dinis home
“A carta faz o escritor 'presente' àquele a quem a dirige. E presente não apenas pelas informações que lhe dá acerca da sua vida, das suas atividades, dos seus sucessos e fracassos, das suas venturas ou infortúnios; presente uma espécie de presença imediata e quase física”.
Michel Foucault in "O que é um autor?"[1]

Imagens da instalação dos 3 desenhos na sala onde Júlio Dinis redigiu várias cartas e alguns dos textos para os seus livros.

Linhas cosidas em papel 32x40 cm 2017 Colecção do Município de Ovar

Pormenor
Ainda que confrontada com a imediatez do tempo e absorvida pelo impacto da internet, assumo as cartas como as representações mais autênticas dos laços que se tecem e nos revelam como seres sociais. Cartas que trazem um leque infindável de emoções, que testemunham encontros, que relatam segredos, lugares reais das relações, nos diversos trajectos e desvios das narrativas.
Nesta mostra, entre desenhos de envelopes que pontuaram a vida de várias pessoas de Ovar e de outros lugares, expus também alguns exemplares do escritor. As imagens que se seguem documentam a instalação de duas cartas e de um Manuscrito, cuidadosamente cosidos em papel. Uma forma de homenagear o lugar da escrita, devolvendo-lhe especial atenção à pequena secretária na qual Júlio Dinis redigiu diariamente várias cartas e os seus livros, durante a sua estadia em casa da tia.
Trata-se de um conjunto de desenhos que confrontam momentos distintos e que vencem o tempo.
É a inevitabilidade desta deriva, que nos impele a comunicar continuamente, uns com os outros e a perpetuar o fascínio pela literatura em cumplicidade com a própria Casa Museu de Júlio Dinis.
[1] p.150 , Lisboa: Editora Passagens, 2006.

Linhas cosidas em papel 32x40 cm 2016 Colecção do Município de Ovar

Linhas cosidas em papel 32x40 cm 2016 Colecção do Município de Ovar

Linhas cosidas em papel 32x40 cm 2017 Colecção do Município de Ovar